Domingo, Fevereiro 2, 2025
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Entrevista: Heitor Wolff

Entrevistamos o Heitor Wolff, rider local de Amparo/SP que contou um pouco da sua história e da sua experiência como trail builder. Confira!

Quando conheceu o BMX, com quem e onde você costumava fazer as sessões? 
Acredito que o BMX já nasceu dentro de mim quando vim ao mundo. Quando era criança nunca tive muito interesse em videogames ou até mesmo futebol que era o que mais meus amigos faziam, eu sempre estava para rua subindo em árvores e fazendo arte, até o dia que vi uma JNA na casa de um primo e fiquei de cara com a bike. A bike largada, precisando de um talento, toda cromada, linda! Meu pai percebeu que gostei muito da bike e apareceu com ela um dia me presenteando. Depois daí eu só queria pedalar e cuidar da bike. Um dia estava passando por um bairro avistei uns caras de bike pedalando igual louco e subindo um barranco. Quando vi isso, na hora quis tentar e conhecer os caras. Depois de alguns dias meu pai me levou e todos meus amigos para fazer um pedal, passamos pelo centro da cidade, quando chegamos era a pista antiga de Amparo ao lado da rodoviária. Passamos a tarde toda lá vendo a galera andar, eu nem imaginava que podia fazer isso com a bike e lá estava: Diogo canina, Denis, rani, xolpa, Lucas Alves, entre outros. Depois desse dia eu atormentava meu pai para levar até pista todo final de semana para ver os caras andar, enquanto isso era todos os dias na rua tentando pular guia, fazendo rampa de madeira com tijolo até entender um pouco mais sobre o BMX. Comecei ir na pista com mais frequência depois de um tempo o caíque “miojo” começou, Erik, baino. Aí foi a fusão, todos da mesma idade com um só objetivo, se divertir e brincar com a bike. Passávamos a maior parte do tempo na pista.

Ainda anda com eles?
Sim, tenho uma enorme gratidão por ainda poder compartilhar uma sessão com alguns deles. Andar com meus amigos todos esses anos é realmente se sentir em casa, seguro e tranquilo. 

Quais são as suas inspirações desde quando começou a andar e em quem se inspira nos dias de hoje?
Sem dúvida cresci me inspirando em grandes pilotos, grandes rider, dividindo a plataforma com pessoas que fizeram e fazem história no BMX e na vida, até hoje meus amigos que conheci anos atrás são minhas inspirações, não só pela história do BMX mas pelo corre da vida também. É claro que podemos ver referencias de fora dos roles ou até mesmo como o cara age pelas redes, mas meus amigos são aqueles que estão na vivência do dia a dia e posso afirmar que são minhas inspirações. 

Como você começou a se envolver com a construção de trails e quando você percebeu que poderia ser uma profissão?
Isso foi literalmente acontecendo, como disse anteriormente, eu era uma criança agitada, isso não mudou quando fui crescendo, depositava toda minha energia em cima da bike quando conheci o BMX e vi as possibilidades de criar umas rampinhas de terra, até que um dia o Diogo convocou todos para dar andamento em uma linha de rampa em um pico muito louco da cidade, isso foi virada de chave, ali tínhamos um local de dirt. Eu não sabia bater pá ou mexer com qualquer tipo de ferramenta. Foi feito uma gravação no pico o Diogo voltou para o EUA e ficou lá o dirt. Na época quem era os mais empenhados em cuidar do pico, era os brabos Denis canina e Lucas Alves, eles me ensinaram muito e cada vez mais eu queria estar no dirt, cuidando e andando. Até que um dia o terreno foi vendido e perdemos o local U11 Trail. Isso foi triste, não acreditávamos. Foi daí que nasceu o Guerrilha, através dele consegui me desenvolver cavando até que o Diogo meu deu um toque para ajudar na obra do BMX & SKT Park Amparo. Isso foi surreal naquele momento eu estava ganhando para estar em um lugar que amo e fazendo algo que amo, cavar. Através disso as portas foram se abrindo e eu conheci o mercado do Trail building. 

Quanto tempo tem o guerrilha e como começou tudo?
O Guerrilha está indo para 8 anos, tudo começou quando soltaram uma ideia do parque para fazer pista de downhill, Xc, etc… Mas naquele momento não me empenhei a isso, por ainda existir o U11. Até que chegamos um dia e fomos proibidos de frequentar o espaço onde as rampas estavam, na hora fomos na prefeitura para encontrar um espaço onde podíamos fazer rampa, eu e Lucas Alves conseguimos com o antigo prefeito uma brecha para estarmos no parque, no primeiro ano nós só colava e imaginava, não sabíamos o que fazer por não ter conhecimento e nem estrutura para levantar as rampas, não sabíamos por onde começar. Até que veio a temporada de chuva e começamos arriscar levantar algumas rampas. Batemos muito cabeça, bastante tempo investido em uma linha que hoje não é a mesma. Isso trouxe um conhecimento e experiência que precisávamos, o Lucas Alves tem uma visão de cavar absurda. Chegou um dia e decidimos ativar uma rampa da linha para começar dar alguns pulos, depois disso o Trail tomou forma praticamente sozinho, a linha veio surgindo, automaticamente começamos aprimorar o trampo e levando como referência o continental Trail e o horto. Na época era os picos que mais nos colava. Depois disso veio a pandemia o pico estava bem cru ainda mas era o local que nós se isolávamos, muitos amigos colaram e fizeram parte do desenvolvimento do Trail, todos isolados da COVID no Trail, entre eles Cauan madona, Caio Emo, muitos riders que fizeram parte disso. 

Como estão os roles hoje em dia? Consegue equilibrar com o trabalho, família e responsabilidades?
Nesses últimos tempo eu queria estar mais em cima da minha bike, mesmo sabendo que estar na bike é onde me desligo de tudo e me faz muito bem, estou no processo de dar uma atenção para minha família, principalmente para minha mãe, ajudando nos negócios e organizando minha volta para Amparo, estou estabilizando as coisas para fazer o que mais amo, andar de bike, cuidar do Trail e poder me proporcionar algumas viagens que ainda sonho com minha BMX. 

Um momento marcante que o bmx te proporcionou?
Essa pergunta é muito difícil, todos momentos são marcantes, não consigo saber qual foi o mais. Mas lembrando de um foi quando conheci o Drac, ele sabia das coisas, ele me ajudou muito na minha trajetória. Acredito que esse jeito que levo a vida em cima da bike, só querendo andar e me divertir sem compromisso e cobrança de ser o melhor ou ter que ser o melhor, foi ele que me ensinou. O importante é estar bem e fazer o que ama como ama fazer.

E uma dificuldade?
Essa é engraçado, a dificuldade é querer estar em cima da bike todos os momentos, mas os paralelos da vida me consomem, mesmo na trajetória trabalhando cavando, era quando eu menos andava de BMX, mas o corre é inevitável para todos, por isso temos que ter jogo de cintura e conciliar bike, família e trabalho. 

Conte um pouco sobre a sua trip no Chile 
Isso foi uma vivência surreal, lembro até hoje quando descobri que ia ser pai e na mesma semana o Diogo me convidando para fazer essa viagem. Meio sem saber o que fazer só decidi viver o momento, eu não estava em um dos melhores momentos em cima da bike mas fui pela vivência. Chegar lá e encontrar um mar de brasileiros e conhecer Colin Mackay, Dan Foley, entre outros riders, foi demais. Essa vivência foi demais. Na volta no avião eu e meu amigo Danilo Ferrugem tomamos vários brejas para comemorar essa trip. Foi louco! 

Quais os seus planos para futuro próximo?
Sou uma pessoa sem olhar muito lá na frente e sim de plantar o dia a dia de hoje para estar bem cada vez melhor. Mas ainda sim quero me dedicar para alguns eventos, algumas viagens do sonho e poder desfrutar de alguns momentos que ainda não tive o privilégio de viver no BMX. 

Agradecimentos:
Sou muito grato por toda minha família, minha mulher que sempre apoiou e sempre apoia meu estilo de vida, minha filha por ela amar o que faço e todos meus amigos por compartilhar a sessão ou até mesmo aqueles que nem andam de bike estão comigo no Trail dando um grau. Muito grato pelo BMX fazer quem eu sou. Não sei o que seria do Heitor sem o BMX! Lógico agradecer a Drop por esse espaço para estar falando um pouquinho da minha vida! Obrigado família!

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