Fotos por: Thiago Alvaro
Batemos um papo com Davi Sodré e o Thiago Alvaro para saber detalhes sobre a video part REC-Essência. Confira!
Conta pra gente um pouco como é trabalhar num video a longo prazo. Alguma historia legal do período de gravação pra contar pra nós?
DAVI: Um projeto que leva tempo ele é trabalhoso e gratificante ao mesmo tempo. A cada manobra gravada, mais alguns segundos são adicionados no edit e a gratidão de ver o projeto sendo levado pra frente é enorme!
“Os desafios de ir gravar, acertar a manobra, de enquadrar certo o clipe em um ângulo massa, são alguns dos principais motivos que tornam uma vídeo parte tão importante!“
O maior transfer do vídeo foi gravado em São José – SC, que é do lado de Florianópolis, eu e o Thiago saímos de Itajaí – SC no começo da tarde de um sábado, e fomos de carro passar o final de semana gravando, quem fortaleceu na casa foi o Daniel Alves. No caminho o pneu do carro furou e não sabíamos se ainda teria luz para gravar, mas deu tempo de fazer o transfer o que resultou em dois tornozelos machucados por causa do impacto, o que impossibilitou a gravação no outro dia, mas rendeu umas fotos styles!!
Qual foi a manobra mais complicada para filmar?
DAVI: O flip whip foi a manobra que mais exigiu coragem de mim. Lembro que por um tempo eu ficava só mandando backflips pra pegar certo o tempo do giro. Quando gravamos ele, foi a primeira vez que eu acertei na box da pista de itajai, e no cimento também. Foi uma das últimas manobras a ser gravada, e na hora que começamos a gravar estava garoando, o que deu uma atrapalhada. Felizmente eu e o Thiago estávamos decididos a gravar naquele dia mesmo.
Mas pra conseguir acertar o tailwhip no telhado do mercado eu tive que tentar algumas vezes, até a segurança parar a gente. Esse lugar fica em Balneário Camboriú, e toda vez que eu passava pela frente imaginava alguma manobra sendo feita ali, justamente pela curvatura que tem, parecendo uma jogada. E me rendeu um pedal na canela que deu uma machucada da hora.
O que você achou do resultado final de todo o projeto?
DAVI: Desde que eu assisti pela primeira vez já curti demais, tanto por causa das manobras que eu consegui acertar quanto pela edição feita pelo meu brother, fotógrafo e videomaker Thiago Álvaro. Tivemos uma sinergia muito boa em cada vez que a gente filmou. E é diferente de ir dar um rolê na pista, eu e o Thiago estávamos sempre trocando ideia de ângulos, manobras, lugares, picos diferentes que poderíamos incluir no vídeo. Ainda tem algumas pistas que eu gostaria de ter incluído, mas são desafios para um próximo projeto. Gostei bastante de toda a experiência dessa video parte, pra mim, assistir o video é como ver momentos de emoção e adrenalina só que de um ângulo diferente.
Agradecimentos:
Quero mandar um salve pro Thiago, toda a disposição e amizade de sempre que fez esse projeto todo ficar ainda melhor! Agradeço a Vans Brasil por ajudar e incentivar todo mundo que curte deixar seu estilo em algo que curte fazer, como andar de bike. Obrigado Dream BMX que sempre fortaleceu e deixou minha bike perfeita pra cada drop, obrigado por tudo que fazem e promovem para todos que ama as duas rodas.
Muito obrigado Drop BMX pela a oportunidade e espaço para o compartilhamento de uma ideia que virou realidade, parabéns por todo trabalho de divulgação do bmx no Brasil!!
Quero agradecer toda a galera que ajudou nesse projeto, cada pessoa foi fundamental.
Como foi a produção do vídeo, a edição e escolha da música?
THIAGO: Então, tudo começou em meados de 2021 com o Davi me procurando com a idéia de investir no seu corre, a idéia inicial era de nos encontramos 2 vezes por mês para produzirmos Reels e fotos de qualidade para suas mídias sociais e portfólio. Já logo nos primeiros encontros percebi que íamos gerar muito mais conteúdo do que eu imaginava. Davi tava com o role na base e em constante evolução, sempre em sintonia comigo, que também estava com o rec na base e em constante evolução. Então tudo foi acontecendo de forma natural. Ao perceber que ao final de cada encontro estávamos com muitos clipes, perguntei a ele o que ele achava de deixarmos alguns clipes fora de seus Reels e irmos estocando para uma futura video parte (a video parte até finalizarmos fomos levando de forma independente, Davi acreditando na minha idéia e eu muito feliz em poder trabalhar com calma num projeto foda). A música escolhida para o vídeo foi da banda Comodoro de meus amigos aqui de Balneário Camboriú – SC. Eu já tinha essa musica em mente para algum vídeo de alguém com um role singular, imaginava um video de Park de alguém com role flow e explosivo. Não demorou muito para perceber que essa musica seria a escolhida para a parte dele. Já com a música escolhida e na timeline de edição, já fui pré montando o projeto conforme fomos gravando, porém com o tempo, não estava conseguindo fluir na montagem, mesmo já tendo enraizado na cabeça que seria aquilo, joguei tudo pro alto, abri uma nova timeline e comecei do zero, o que eu chamo de timeline “metendo o louco”, onde eu desconstruo a minha ideia pronta, me permitindo enxergar um novo resultado. Uma vez que fiz essa timeline, “metendo o louco”, meu processo criativo brilhou e consegui emergir na edição, chegando nesse resultado que vocês podem conferir aí.
Qual o equipamento que você usou?
THIAGO: Usei minhas duas câmeras digitais na época. Uma Canon 80D que variava as lentes Fisheye 8mm Rokinon e uma Canon 18-135 pra usar e abusar do zoom. Na segunda câmera, a minha primeira guerreira (que ja veio de muita história com Germano Gamba), uma Canon T3i, nela eu usava somente minha 50mm Rokinon, uma lente Cine, percebi que mesmo com a T3i não entregando tanta qualidade, quando usava essa lente cine da Rokinon a qualidade ficava muito similar a 80D. Os takes na 50mm sempre em tripé, muitas das vezes um rec longo no qual eu tinha que dar o rec e sair correndo pro local onde ia fazer o outro ângulo, as vezes tínhamos algum parceiro junto na sessão que nos ajudava com isso. Na câmera 1 sempre usava um microfone direcional Boya e as vezes meu skate para filmagem em movimento. No vídeo também tem 1 ou 2 takes de iPhone, acho que era um 7plus na época…
E o que você achou do resultado final de todo o projeto?
THIAGO: Superou todas minhas expectativas, estou orgulhoso de nosso trabalho! Enquanto gravávamos eu já tinha noção que seria um baita video, mas durante o processo de edição eu fui vendo que o negócio tava pegando preço de verdade.
Você acha que as redes sociais acabaram com as vídeo partes ou é algo complementar?
THIAGO: Penso ser algo complementar, mas de certa forma sim, o algoritmo funciona bem pra quem posta com frequência e isso acaba implicando em muita gente optando por postar sem dó nem piedade, clipes que facilmente poderiam ser guardados para uma video parte. Hoje em dia num mundo muito acelerado e com todo mundo muito ansioso por likes e resultados rápidos, você gravar, postar e receber uma chuva de likes se torna muito menos trabalhoso e instantaneamente satisfatório. Porém quando rolamos o feed no Instagram, já vemos vários outros clipes cabulosos, um pouco abaixo ja vê algo que chama atenção e quando viu, já nem se lembra mais daquele video cabuloso que você postou… Toda seu trabalho e dedicação já foi rapidamente esquecida. Já a vídeo parte, requer muita dedicação, investimento de tempo/dinheiro e muita paciência, tudo isso por algo maior. Tem que saber trabalhar com calma pra sair do jeito certo, e quando sai, isso sim é satisfatório e fica pra história.
Por fim, não estou dizendo que só tem que se trabalhar em video partes, mas sim ter um equilíbrio… no Brasil qual a última video parte de algum rider de transição? Que eu me recordo foi a do Madona e depois do Dand, e isso já fazem quase 2 anos.
Já de riders de street tivemos muitas video partes nos últimos anos e o mais curioso disso tudo é que existem mais video partes de riders sem apoio e patrocínio do que de riders com.
Agradecimentos:
Primeiramente queria agradecer ao Davi, que desde o começo acreditou no meu trabalho e se dedicou 100% do começo ao fim, sem ele nada disso teria sido possível. Obrigado Vans Brasil por apoiar nosso projeto, Drop Bmx pelo espaço e se importar com a cena nacional trazendo informação e material de qualidade para todos. Por último e não menos importante, todo mundo que soma com meu corre me permitindo correr atrás dos meus sonhos todos os dias.