Trocamos uma ideia com o Reginaldo Pedro, rider local de São Bernardo do Campo-SP, pai de duas gêmeas, um dos idealizadores do Arena Banks e atual campeão brasileiro da categoria grandmaster. Confira!
Aquela clássica pergunta; como começou a sua história com o BMX e qual foi sua primeira bicicleta?
Bom, aprendi a andar de bike bem cedo sem rodinhas, minha irmã me ensinou e a partir daí fazia loucuras na rua e caia várias vezes, cheguei até a apagar e ir parar no hospital que bati a cabeça na guia rs
Daí em 1992 reformaram o morrão que virou a praça da Atlântica e nela fizeram um mini-ramp muito suave, meio que um meio bowl e daí comecei a brincar lá com a bike, e logo na sequência fui indo na antiga pista do centro de Santo André depois da escola e São Bernardo também…
A primeira bike foi uma Monark e logo em seguida uma Caloi Cross.
Quais eram os parceiros de sessão naquela época?
No começo andava com o pessoal do bairro , a maioria já parou, eram o: Dudu, o Corvo, o Marinho, Mariao, Marcão, Alan, e na sequência o Kurt, Juca Favela, Índio, Zhel, Cunhado, Bira, Ronaldo Gordo, etc.
Que lugares conheceu através do BMX? Conheceu outros países?
Foi muito legal isso, com o BMX conheci praticamente o Brasil todo, fazendo shows, demos, campeonatos e muito mais roles aleatórios também.
Tive a oportunidade de ir para OS X-Games México, quatro vezes pros EUA e quatro pra Europa, na Europa pude competir com os melhores do mundo, lembro que na Alemanha no BMX Worlds estava na mesma bateria do Matt Hoffman. Consegui fazer tours europeias trabalhando e competindo em alguns eventos e assim conhecendo vários países como: Alemanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Inglaterra, etc. Fui no Fise quando ainda se chamava Nokia Fise! E tive a chance de trabalhar com meu amigo Simon Hall nas olimpíadas de Londres de 2012, em escolas e pump tracks e o projeto tinha nada mais nada menos do que a supervisão de Bob Haro. O Simon carregou a tocha olímpica, filmei tudo e coloquei no youtube rs e na sequência fizemos uma trip de 15 dias pela Europa até o BMX Masters, dormíamos na van foi memorável.
Quanto levou sua carreira entre Amador e Profissional?
Eu tinha 17 anos e estava me formando na escola e no Senai, estudei quatro anos e meio no Senai, fiz Ajustagem Mecânica, Ferramentaria e Injeção de materiais plásticos, tinha um ótimo futuro nas metalúrgicas da vida e já estava trabalhando registrado. Nessa época eu ficava entre os três primeiros em quase todos campeonatos amadores e lembro que o Cunhado que já era pro me indicou em um patrocinador dele, a antiga marca de tênis Dharma. Fechei um contrato e ganhava mais lá do que na firma, lembro que minha mãe teve que ir assinar minha demissão pois eu era de menor e estava pedindo as contas da firma para viver da bike e a partir daí viajamos o Brasil com a equipe Dharma fazendo shows.
E depois disso fiquei sobrevivendo do esporte do jeito que dava: dando aulas de bike, com apresentação, clínicas, montando rampas, trabalhei montando pistas com a equipe Rotatori por 15 anos, sendo juíz e locutor e assim vivendo do esporte. Depois vieram outros patrocinadores como: red nose shoes, new, maxxis, bell, premium bikes, narina, arena açai bar, etc.
Quais riders inspiraram o seu BMX?
Eu acho que peguei a época boa do bmx, Dennis Maccoy, Jay Miron, Dave Mirra, Matt Hoffman, Dave Osato me inspiraram muito pelos vídeos e na TV e daqui André Cunhado, Fiola, Kurt, me puxavam no rolê sempre!
Você é um dos organizadores do Arena Banks, como surgiu a ideia do formato do evento?
A gente tinha um grupo logo no início do Whats App, se chamava Shadow, que eram os doídos do Bmx e por isso o nome do nosso grupo. E rolavam várias discussões entre o Caio e o Doguete, eram brigas feias dos dois no grupo rs e a gente sempre falava -Parem vocês dois chega de treta, e é o seguinte entra os dois no banks e resolve lá, entra dois e só um sai, Arena Banks, e em todas as brigas a gente falava- Arena Banks rs e daí eu o Diego Dantas e o Rodrigo Tiozinho colocamos a ideia em prática e começamos a realizar e logo na sequência entraram outras pessoas para ajudar no Arena. E assim estamos há quase dez anos fazendo um evento inovador e diferente, muitas vezes colocando dinheiro do bolso pra idealizar, ano passado praticamente so eu e o Testa fizemos o evento acontecer, é claro que com ajuda de alguns parceiros.
Você trabalha no CT BMX, como é o seu trabalho?
É muito legal! Estou totalmente envolvido com o Bmx no dia a dia e sempre atualizado e informado e andando de Bike sempre!
Posso contribuir com minha experiência em montagens de pistas e com Bmx e em organização de eventos e ajudar na formentação do esporte no Brasil.
Cuido do espaço todo, do Bmx e da ginástica, limpeza, relatório semanal, manutenções, materiais, etc.
Trabalho na prefeitura há 17 anos já, mas antes disso já dei aulas de Bmx no antigo projeto Juventude Cidadã de 2000 há 2004 no mesmo lugar onde temos o CT hoje, depois o projeto acabou e começaram a usar o espaço para outras coisas. Eu continuei andando de bike e em 2007 reinaugurou a antiga pista de Sbc e rolou um concurso público, fiz os testes e fui aprovado e trabalhei 10 anos no half-pipe da pista.Uma época em que o espaço estava vazio acho que em 2013 a gente havia ganhado umas rampas e não tínhamos onde montar e conseguimos na época montar lá. E assim ficamos por algum tempo, bem underground, fazíamos sessões e arrumávamos as rampas tudo no improviso, até que chegou um gestor e falou para tirar tudo, ficamos sem ter o que fazer e eu e o Caio fomos na secretaria de esportes conversar com o secretário que já tinha nos ajudado com algumas coisas e explicamos a situação e ele pediu para montarmos um projeto, lembro que na época eu tinha acabado de fazer meu TCC na faculdade e fizemos o projeto do mesmo jeito, na norma ABNT, com capa, índice, encadernado tudo bonitinho, colocamos fotos nossas lá em Woodward, e complementamos com: futuro esporte olímpico, escolinha de bmx sbc, circuito municipal de bmx sbc, equipe de bmx sbc centro de treinamento de bmx e entregamos pro secretário que levou pro prefeito. Eles gostaram do projeto e viram que seria uma boa para a cidade e aprovaram, vieram e reformaram tudo! Veio a ginástica junto que eu acho que agrega muito valor pro espaço pois atendemos 200 crianças por dia e deixa o espaço vivo e em movimento e assim se formou oficialmente como um Centro Esportivo da cidade de São Bernardo, temos quase 60 Centros Esportivos na Cidade tudo administrado pela secretaria de esportes. Na sequência o secretário de esportes pediu a minha transferência para o CT e para a secretaria de esportes para administrar e cuidar do espaço.
As geração anteriores tinham muita dificuldade com informação, comunicação, produção de conteúdos… você vem de uma época que vivia de revistas, cassettes de dvd e hoje praticamente vivemos um mundo sem fronteiras. Como você vê isso? Sente saudades daquela sensação de assistir um dvd ou prefere a comodidade de assistir na hora pelo YouTube?
Eu sinto muita saudades daquela época, mas não tem como fugir da modernidade do mundo tecnológico que vivemos.
Lembro que ia no Drac no pedal e ele regravava vários dvds pra gente rs
Para ficar sabendo dos campeonatos o Fruta da Impact Bike mandava cartas pelos correios pra gente e fretava ônibus para viajar para os eventos, era muito louco.
Um vídeo dos que eu mais assisti era ainda em fita vhs da Hoffman Bikes o Mad Matt!
Tinham muitas revistas, eu ia até a paulista para comprar a Bmx Plus ou Ride Bmx. Aqui tinha a Bike Action e a Bici esporte, onde eu tenho várias em casa e com várias matérias sobre mim.
Para gravar um vídeo seu andando alguém tinha que ter uma filmadora e quase ninguém tinha.
Na minha primeira viagem para a Europa a comunicação era praticamente só por e-mail ou telefone. No YouTube tem um vídeo meu que para mim foi uma das minhas melhores voltas e meu amigo Axel gravou com um celular bem antigo com qualidade zero rs. Mas era o que tínhamos!
Você via pelas revistas as manobras e imaginava pela foto em como executar elas. Depois vieram os VHS, os DVDs e a ESPN e assim a informação foi chegando.
Você tem filhas gêmeas, a Yasmim e a Sofia, que começaram andar de bike. Conta um pouco sobre essa relação família e BMX
É muito louco, a melhor parte e a melhor sensação.
Eu ensinei elas a andar bem cedo e sempre incentivei aos esportes, bike, ginástica, tênis, etc. Até as vezes vamos a pé aos lugares como mercado, shopping, mais para mexer o corpo, essa geração touch que só quer saber de tecnologia e celular, temos que arrumar uns jeitinhos para tirá-los disso um pouco.
Eu vivo o bmx muito intenso todos os dias e chegava nos fins de semana e não queria saber de bike só de pegar elas e ir pro shopping, parques, e rolês aleatórios.
Daí elas ganharam as bikinhas da Barbie e começamos a dar roles pelas ruas ou praças e foi quando íamos na praça da Atlântica e elas sempre queriam andar no mini ramp e começaram a dar batidas e a quase dropar, indo pela parte rasa. Nessa, eu comprei os equipamentos e depois vi que as bikes não estavam acompanhando o rolê delas e fui e comprei as bikes aro 16 já no formato bmx e começamos a ir no pistão em sbc na pista mirim e agora na nova pista da Atlântica e no CT e em outras pistas.
Elas estão indo super bem, se jogam e tomam vários tombos, só tem dez anos ainda não sei sobre o futuro mas que levam jeito elas levam!
Já estão dropando, dando aéreos, one foot, one hand, x up, transfers, etc. A gente da vários pedais juntos, para não estarem com a bike só na pista, mas também no dia a dia como meio de transporte ou um simples pedal.
É muito louco estar na sessão com elas, como um sonho, até arrepia e passamos muito tempo juntos, na verdade elas sempre foram meus chaveirinhos, onde vou elas vão rs.
Quero que elas principalmente se divirtam com a bike e além de tudo são crianças, sempre deixo brincarem e curtirem cada faze da infância.
Espero que continuem, pois quero que conheçam o mundo através da bike igual eu conheci e trabalhem com isso igual eu venho fazendo há 25 anos.
Uma mensagem pra finalizar…
Gostaria de agradecer primeiramente a minha família que sempre me incentivou e confiou e com isso eu não desisti. Ao pessoal da Drop pelo convite! A todos brothers de sessão, night beers sessions rs
E pra galera que está andando, não se cresça por fazer um bar spin, tailwhip ou flair, isso não é nada. Vejo muitos que já começam a se achar por fazer algumas, mas daí não faz um transfer qualquer ou um drop mais cabuloso. Ou não tem um contrato de patrocínio, ou não está nos eventos internacionais ou não é uma boa pessoa. Não adianta nada. Primeiro conquiste o mundo com o esporte e depois venha trocar ideia comigo rsIsso está acontecendo muito no CT e me irrita demais, eu não pago pau pra ninguém! Seja quem for, a não ser que represente de verdade ou faça acontecer no nosso esporte… não seja só mais um na cena , faça a diferença!
Se divirta que no final vai dar certo!